quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Uma Mensagem de Natal e Ano Novo


Eu queria dividir com vocês um pouco sobre o que me moveu esse ano, que me fez acordar de manhã todos os dias nesse ano horrível e que hoje me faz acreditar que caminhar em direção a mais um ano vale a pena.

Sonhos. 


Toda a literatura de autoajuda tem algo a dizer sobre a atitude positiva que devemos ter para realizar nossos sonhos. Devemos acreditar que é possível. Devemos repetir todos os dias: eu sou forte, eu sou resiliente, eu sou o co-criador da minha vida. É preciso investir em autoconhecimento, em novos conhecimentos, enquanto vai à academia, se alimenta de forma saudável, anda de bicicleta, brinca com as crianças e trabalha pra pagar as contas. E ainda deve dizer gratidão pra tudo.


O problema é que fazer tudo isso é humanamente impossível. Pelo menos pra mim. E meus sonhos acenavam de longe, tão inalcançáveis...


Aí vi um vídeo de TED. Sim, um vídeo de TED. Eu sei, eu sei que eles em geral promovem exatamente essa atitude aí de cima, com boas doses de meritocracia e lógica capitalista. E que muitas vezes são meio óbvios. Então, me deixem explicar o que esse vídeo teve de especial pra mim.


O título dele é “Isolamento é o assassino de sonhos, não sua atitude” (Isolation is the dream-killer, not your attitude) de Barbara Sher. Ela narra como criou grupos para realizar sonhos e, basicamente, o que ela defende é que se conseguirmos reunir pessoas suficientes, é possível realizar qualquer sonho. Mesmo que estejamos desanimados, desmotivados. O grupo pode nos sustentar, nos alimentar, nos apoiar e fazer acontecer.


Isso sim fez todo o sentido pra mim. É no coletivo que conseguimos realizar nossos sonhos. É com o apoio das outras pessoas, é pedindo ajuda, é contando com os outros que conseguimos realizar nossos sonhos. Aquela atitude individualista de que precisamos fazer isso ou aquilo sozinhos para realizar nossos sonhos, pra mim, é só mais uma forma de nos sentirmos insuficientes, inadequados, incapazes, e de nos levar em direção aos medicamentos antidepressivos, à frustração ou às compras.


O argumento dela é que se você sabe o que deseja, sabe o que está lhe impedindo de realizar seu sonho, e está disposta a receber ajuda, é possível encontrar pessoas que lhe ajudem a realizar seu sonho. Pedir ajuda é complicado pra muitas pessoas, mas não deveria ser, né? No geral, recebemos mais “sim” do que “não” quando pedimos ajuda a um grupo de pessoas. Afinal, ser parte da realização dos sonhos de outras pessoas pode ser gratificante também. 


É claro que há grupos e grupos. Mas sempre há os grupos de pessoas que estão lá por você: pessoas que a amam, pessoas que lhe querem bem, pessoas que têm os mesmos sonhos. E há pessoas boas que cruzam seu caminho por acaso, pessoas que vão lhe ajudar de graça. 


Nós precisamos das outras pessoas pra realizar sonhos. 


Voltei a estudar. Para isso dependo do apoio de muitas pessoas queridas. Dependo do trabalho de pessoas dispostas a me ajudar. Para me manter no curso, conto com o apoio dos meus colegas, do seu riso, da sua disposição em trabalhar comigo e de realizarmos coisas fantásticas juntos. Não estou competindo com ninguém, estou no grupo para o grupo.


E quando olho para o nosso país, penso que é possível pensarmos quais são os nossos sonhos, aqueles que podem nos fazer levantar de manhã. E se nos propusermos a investigar quais são os obstáculos, podemos nos organizar em grupos, em coletivos, para fazer acontecer.


Saber o que você deseja, reconhecer quais são os obstáculos para realizar e, finalmente, pedir ajuda, contar com os outros. 


Falem, peçam ajuda, deixem que as outras pessoas saibam que você tem sonhos.


É no coletivo que os sonhos se realizam. 


Assim, meu desejo para cada um dos meus amigos e amigas é que vocês consigam sonhar e reunir pessoas ao seu redor que estejam dispostas a realizar esses sonhos juntos. E que vocês possam experienciar a sensação maravilhosa de ser aquela que faz o sonho de outra pessoa acontecer.


E, claro, contem comigo para fazer parte do seu sonho!


E aí o vídeo, para quem estiver curioso!


sexta-feira, 18 de outubro de 2019


Galho

A claridade dá vida àquilo que parece imóvel, cria movimento, sugere recortes, ilumina detalhes. Sem claridade não há vida, nem colorido, nem som.

A partir da claridade, se vê uma composição, um retrato momentâneo e efêmero de um ser composto de galhos retorcidos, alguns como restos de experiências passadas, outros carregados de frutos. E mesmo que esses frutos estejam eles mesmos secos, guardam dentro de si sementes de novas vidas, a possibilidade de muitos novos seres por onde correrá seiva no futuro.

Essas sementes são a razão da árvore, da seiva, dos frutos. Liberar essas sementes na terra inesperada, na incerteza do germinar, é o projeto da vida presente em cada um dos galhos.